Pilar social na agenda ESG, desafios da educação e tecnologias sociais para reduzir a pobreza marcam encontro Utopia Pragmática

Por Instituto Beja, setembro 5, 2022
Pilar social na agenda ESG, desafios da educação e tecnologias sociais para reduzir a pobreza marcam encontro Utopia Pragmática

De 8 a 12 de agosto, o Instituto de Pesquisas em Tecnologia e Inovação (IPTI) realizou o evento Utopia Pragmática 2022 com o objetivo de promover um encontro entre o setor privado e investidores sociais para discutir temas relevantes relativos ao pilar social na agenda ESG, jogar luz nos desafios da educação, falar sobre inovação e ainda analisar o uso de tecnologias sociais para a redução da pobreza no mundo, além de oportunidades de novos negócios. O Instituto Beja foi um dos patrocinadores do evento.

Nosso apoio ao evento reforça a mudança social que almejamos e os impactos que desejamos buscam contribuir para a redução de desigualdades e para o alcance de múltiplos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que fazem parte da Agenda 2030 da ONU. Isso reflete nossa abordagem de combate multidimensional à pobreza.

A mudança social que o Instituto Beja almeja é contribuir para a redução de desigualdades, que será alcançada por uma abordagem de duas linhas de fomento combinadas: uma voltada a resultados mais tangíveis, localizados e de curto/médio prazos (cuidado integral nas famílias) e outra relacionada a mudanças mais intangíveis, escaláveis e de médio/longo prazos (ações estruturantes e advocacy).

Primeiro dia do evento

O painel que compôs o primeiro dia do evento (8) foi o “O ‘S’ da agenda ESG – métricas, tendências e oportunidades”.

Ingo Ploger, do Instituto Melhoramentos, destacou que a primeira pergunta que as empresas devem se fazer é “que tipo de perda ou falta minha empresa fará para a sociedade se fechar hoje?”. “Nós não fazemos as perguntas com as consequências finais. Não falamos de socialwashing, só falamos de greenwashing. A parte ambiental é do tamanho deste prédio; a de governança, desta sala; e a social, desta cadeira aqui. É o escândalo do “S”, não paro de falar sobre isso. Morrem toda semana no planeta 140 mil crianças por fome e inanição. Um escândalo silencioso. O amor tem duas facetas: a paixão e a indignação. Estou indignado. A gente faz muito pouco, mostra a cara boa e acha que está tudo em ordem. O mais relevante é se, como conselheiro, trago consciência dentro da organização. A primeira métrica deve ser a coragem de perguntar as coisas mais essenciais”, afirmou ele.

Jamile Balaguer Cruz, da Deloitte, falou sobre as mudanças regulatórias para a inclusão do ESG nas grandes empresas. “Vejo que as empresas estão em um movimento alavancado pela Covid-19, que nos mostrou que sem saúde não se tem mais nada, e que tudo está relacionado ao ambiente. Para termos condições de viver no meio ambiente, questões como acesso a água e saneamento devem ser vistas como ambientais e sociais. Não é para enxergar social apenas com aquela visão restrita, é preciso ver o todo, o sistêmico.

Ricardo Bacconi, do Instituto Órizon, também participou do painel. Ele trabalhou no mercado financeiro e tem feito cada vez mais investimentos de impacto social, tanto na parte de empréstimos como em fundos de venture philantropy. “Precisamos diversificar os conselhos de administração. Estamos vivendo um momento de transformação, o ESG é uma pauta recente, mas há séculos vivemos uma cultura capitalista de retorno ao acionista. A mudança não está acontecendo na velocidade que gostaria, mas está acontecendo. As organizações da sociedade civil também precisam de apoio para além dos projetos, para sua gestão, para planejamento”, afirmou.

O Pesquisador e Cofundador do IPTI, Saulo Barreto refletiu que: “O venture philantropy pode trazer o risco de falta de capacidade, empatia e competência de quem aporta o recurso, o desafio de saber dosar para que a comunidade encontre seu próprio caminho. Os indicadores não estão prontos para a transformação social. É preciso olhar a capacidade de aonde se quer chegar, o grande desafio do setor privado é mudar a visão de curto prazo”.

Segundo dia do evento

Composto por dois painéis, o dia 9, o primeiro teve como tema “LED – Luz na Educação”. O mediador Cauê Fabiano falou dos seis compromissos lançados em junho de 2022 com a divulgação de prêmios, festivais e um movimento de diálogo permanente na área da educação.

Aline Santos, da Rede de Professores Synapse, levantou as dificuldades que os professores enfrentam no Brasil: “Os professores não contam com uma boa estrutura, treinamento e boas condições salariais. O professor deve seguir o currículo definido pelo MEC, mas antes de tudo precisa falar a linguagem dos alunos, saber o que interessa a eles. Se não for assim, os alunos não absorvem nada e vamos continuar vendo os números horríveis de aprendizado de português e matemática”, afirmou.

Paulo Borges, professor nascido no Jardim Ângela, em São Paulo, só teve oportunidade de entrar na faculdade aos 37 anos e é um exemplo para sua comunidade. Para ele, inovar é sobreviver.

O painel contou ainda com a participação da Helena Singer, da Ashoka, instituição global com mais de 40 anos que trabalha com empresas para o reconhecimento social. Formam pessoas para lidar com as incertezas e contribuir para um mundo melhor. “Vivemos um celeiro de ideias, não sabemos como será o emprego daqui a 10 anos, mas precisamos estar preparados para o que vier. Cada pessoa tem que saber que pode ser o que quiser, damos as ferramentas, mas as escolhas serão dela”, afirmou Singer.

Para fechar o dia, Rafael Marques, da área de Responsabilidade Social do jornal ‘O Globo’; Saulo Barreto, cofundador do IPTI, e Anna Aranha, da aceleradora Quintessa, falaram sobre o investimento social privado e o motor da inovação.

Dias 10 a 12 de agosto

Os três últimos dias do encontro foram marcado por discussões sobre Tecnologias Sociais, Inovação e Novo Negócios. Foram debatidos temas como tratamento adequado de resíduos sólidos e afluentes para preservação dos recursos naturais, da raça humana e oportunidades de negócios e geração de renda.

Paulo Gomes, do Projeto ZERO, falou sobre reutilização de polipropileno. Ele é físico e professor e inventou uma máquina para reciclar o plástico de maneira fácil, barata e útil. Além de tirar o plástico da natureza, deixa de cortar a madeira. Esse plástico é coletado, triturado e transformado em placas ou peças que podem substituir a madeira em vários objetos. Pode ser utilizado onde for preciso: telhados, cadeiras, mesas, prateleiras, carteiras escolares, entre outros.

Helena Pavese, Diretora da Plastic Bank, apresentou o sistema de coleta, venda, troca e reciclagem de plástico por meio de aplicativos. Eles acompanham a origem do material, qual dos catadores cadastrados vendeu, entregam um cartão de débito com cash-in, um bônus para quem recolher mais plástico.

Luiz Fazio, presidente da Associação Biosaneament e engenheiro civil com foco em tratamento de esgoto, acredita que o saneamento básico é um direto fundamental e urgente e milita para que ele seja promovido de forma universal e incondicional. Ele está em fase de testes para desenvolver um biodigestor (coletor), que não necessite de energia, nem de gás, sendo assim mais econômico.

Mário Rachid, head de inovação da Casa Melhoramentos, agradece ao plástico pelas inovações e serviços utéis, mas reforça a necessidade da reciclagem. “No Brasil, só 1% do plástico utilizado é reciclado, enquanto na Alemanha esse índice é de 90%. É preciso separar o uso para bens descartáveis, bens de consumo não duráveis e bens duráveis. Também temos que pensar no uso dos descartáveis, em produtos para uso rápido, como embalagens”, disse ele, que sugeriu trabalhar com fonte de biomassa e plástico biodegradável.


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