Dia da Consciência Negra: fique atento para expressões racistas que jamais devem ser faladas

Por Instituto Beja, novembro 20, 2022
Dia da Consciência Negra: fique atento para expressões racistas que jamais devem ser faladas

20 de novembro marca o Dia da Consciência Negra, data que homenageia Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, que morreu em 1695. Ele foi um dos maiores líderes negros do Brasil que lutou pela libertação do povo contra o sistema escravista. Este dia faz uma reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira e o combate ao racismo, ainda enfrentado por essa população nos dias de hoje.

A luta para combater o racismo é diária e está presente no dia a dia de todos nós, brasileiros. O histórico de escravidão e discriminação dos negros no Brasil deixou marcas que se estendem para a linguagem utilizada no dia a dia. Quem nunca ouviu expressões como ‘nega do cabelo-duro’; ‘morena da cor do pecado’; ‘a situação tá preta’; ‘criado mudo’ etc.

Em muitos casos, a associação da cor preta a algo negativo fica evidente em frases como: você está na minha “lista negra”, ela comprou o computador no “mercado negro” ou sou a “ovelha negra” da família.

Veja abaixo algumas expressões de origem racista, compartilhe com sua rede de contato e vamos contribuir para a conscientização que elas sejam excluídas do vocabulário das pessoas:

1. Da cor do pecado
A cartilha da Defensoria Pública da Bahia explica que a expressão “da cor do pecado”, muitas vezes usada como “elogio” por pessoas brancas, carrega a cultura racista de “hipersexualização dos corpos negros, estigmatizados no período colonial, quando os ‘senhores’ violentavam sexualmente mulheres negras e encaravam isso como um momento de diversão”.

2. A dar com pau
A expressão “dar com pau”, usada hoje em dia para expressar “abundância” ou “grande quantidade”, também remete à violência da escravidão.

Outra variação da expressão com origem na escravidão, também muito usada hoje em dia, é: “nem a pau”. Nesse caso, ela pode ser substituída por: “de jeito nenhum”.

3. Nas coxas
A expressão “nas coxas” costuma ser usada para se referir a algo malfeito. E uma antiga interpretação reforçada pela cartilha da Defensoria Pública da Bahia é de que ela tem origem na “época da escravidão brasileira, quando as telhas eram feitas de argila, moldadas nas coxas de pessoas escravizadas. Como tamanho e formato variavam, a expressão remete a algo mal feito”.

4. Denegrir
Essa palavra, usada para dizer que alguém está “manchando” a imagem ou reputação de alguém, vem do latim denigrāre, que significa “enegrecer”.

“Possui na raiz o significado de ‘tornar negro’. Utilizado como sinônimo de difamar ou caluniar, reforça, mais uma vez, ser negro como negativo, ofensivo”.

5. Criado-mudo
A origem do termo criado-mudo é alvo de diferentes teorias e muitas iniciativas tentam incluí-lo na lista de expressões que deveriam ser abolidas. Essas iniciativas partem da teoria de que o termo faz referência “aos criados, geralmente pessoas escravizadas, que deveriam segurar objetos para seus senhores e eram proibidos de falar”.

Por causa disso, o dicionário da Defensoria Pública recomenda que a palavra “criado-mudo” seja substituída no dia a dia das pessoas por “mesa de cabeceira”.

Fontes: Cenpec, site Mundo Negro, Ala Preta Jornalismo, ONU, BBC, Valor Econômico.